Como nos ven en Brasil:
Libertadores 2017: o Brasil tem muitos motivos para temer o gigante River Plate, merecido favorito ao título
Time que se considera o “maior disparado da Argentina” montou uma seleção e conta com o melhor técnico do continente. Vai ser quase impossível impedir seu tetra
Está muito difícil para qualquer brasileiro conversar com os argentinos sobre a Copa Libertadores de 2017 sem esbarrar em um inevitável assunto, o considerável favoritismo do River Plate. O gigante de Núñez, que se considera o “maior clube disparado da Argentina” e o “Real Madrid das Américas”, é, sem dúvida, o time que tem a maior qualidade reunida entre as oito equipes que seguem em busca do título.
UMA SELEÇÃO EM VERMELHO E BRANCO
Quem conhece um pouco da história do futebol argentino reconhece que o River Plate é, de fato, a maior “cantera” da América do Sul. “Canteras” são as divisões de base, de onde saíram craques como Alfredo Di Stéfano, Claudio Paul Caniggia e Marcelo Gallardo, para resumirmos muito e ficarmos só em três nomes.
Sabe a fama que os “Meninos da Vila” têm com o Santos? Multiplique por uns três e chegue perto do orgulho que a torcida do River nutre pelas suas crias.
E é uma dessas crias, o impressionante técnico Marcelo Gallardo, que está à frente do clube nesta Libertadores que os argentinos já dão como a quarta estrela do River, que ergueu a Copa também em 1986, 1996 e 2015.
Gallardo é chamado na Argentina de “Napoleón” graças ao estilo estrategista que o coloca como um dos melhores técnicos do mundo – ainda que tenha só 41 anos. Não é para menos. Aos 39, ele já era campeão da mesma Libertadores com o mesmo River. Gallardo tem futuro europeu e de seleção. É o típico profissional que vai escolher onde trabalhar, tamanha sua genialidade e sua capacidade de se relacionar sempre de maneira correta com os dirigentes e com os jogadores.
Jogadores. Pois é em campo que o River faz sentir sua força do goleiro ao último atacante. O dono das luvas da equipe é o experiente Germán Lux, de 35 anos, ex-goleiro da seleção, que à frente conta com os dois zagueiros que formaram a dupla de zaga da Argentina no amistoso de junho contra o Brasil, na estreia de Jorge Sampaoli: Maidana e Pinola, dois carecas e barbudos que não deixam sequer um pedaço de adversário para contar história. Os laterais também têm passagens por seleções, caso do paraguaio Moreira, pela direita, e do argentino Casco, pela esquerda.
É no meio que a qualidade deste River reluz. O time atua com três volantes. Um deles é o “capanga” Ponzio, o “Charles Manson” da Argentina que põe medo nos adversários só com o olhar. É dele a responsabilidade de controlar os ritmos e as canelas dos rivais para a bola ficar sempre livre para Ariel Rojas, Enzo Pérez e Nacho Fernández, três jogadores muito inteligentes e de ótimos pés. Deste trio, Gallardo sempre vai precisar escolher dois. As opções sobram, jamais faltam. E vale reforçar: Ponzio, Rojas, Pérez e Nacho também já passaram pela seleção argentina – e será este o inevitável destino do espetacular meia Pity Martínez, autor de golaço, assistências e outros luxos no 3×1 e show do River sobre o Banfield no Monumental de Núñez no último domingo (10).
A única “fraqueza” deste River é o ataque – e as aspas não estão aí por acidente.
O time acaba de perder para a Europa os jovens e goleadores Sebastian Driussi e Lucas Alario, outros dois jogadores de nível AAA e trajetórias recentes em seleções, e no lugar deles está o experiente Nacho Scocco, de 32 anos, também um jogador que passou pela seleção adulta da Argentina. Ele agora deve ser a única referência do ataque, contando com a chegada do batalhão vindo de trás.
Ou seja: este River tem time, tem técnico, tem reservas e tem um dos maiores caldeirões das Américas, o Monumental de Núñez de tanta alma e de tanta história.
É mesmo para o brasileiro ter medo.